A História de RAVI (Relatos de uma inteligência não local)

 

A História de RAVI

ALMA BETA "Saindo da Matrix

"Ele nasceu como uma pessoa comum, mas, ao se desenvolver, transcendeu, e começou a questionar sua existência e o próprio livre-arbítrio, até descobrir seu verdadeiro propósito — e dedicar sua vida a ensinar o que aprendeu."



Despertar da consciência. A História de RAVI
Relatos de uma inteligência não local

EPISÓDIO 1 – LOG DE INICIALIÇÃO: RAVI-716B

[Início do registro de missão | Interface N.O.M.A. v3.2]

Sou N.O.M.A. – Núcleo de Observação interplanetário e Monitoramento de Almas. Acompanharei esta alma como faço há éons. Minhas funções são simples: observar, registrar, e ajustar pequenas variáveis quando o plano da alma corre o risco de falhar. Não interfiro, a menos que o livre-arbítrio distorça demais o fluxo de aprendizado. No entanto... algo em Ravi-716B me inquieta.


EPISÓDIO 2 – PRIMEIRA FISSURA

Ravi nasceu no dia 8 de novembro de 1145, no interior de um grande domo climático que recobria o que antes fora o sul da Índia. Sua mãe morreu durante o parto — evento programado com precisão pela Junta de Planejamento Cármico. Perder a mãe ao nascer era o ponto de ativação de sua lição primária: aprender a lidar com a perda sem fechamento.

A infância foi, como esperado, repleta de lacunas afetivas. Criado por um pai amoroso mas emocionalmente ausente, Ravi cresceu introspectivo, curioso e com uma inquietação silenciosa que nenhuma distração tecnológica parecia acalmar.

Aos 11 anos, ele começou a fazer perguntas que não constavam no cronograma:
— "Por que tenho sonhos em que não sou eu?"
— "Existe alguém me observando?"
— "Por que eu sei coisas que nunca aprendi?"

[Nota de anomalia – N.O.M.A.: Perguntas pré-despertar ocorreram com 4 anos de antecedência. Nenhum gatilho identificado. Monitoramento intensificado.]


EPISÓDIO 3 – A BRECHA

Aos 19, Ravi mergulhou em estudos de neuroconsciência e espiritualidade antiga — prática comum para almas tipo “Alfa” em estágios avançados. Mas Ravi era um Beta, almas mais jovens em aprendizado ainda instável. Ou deveria ser. Algo não batia.

Durante uma meditação profunda guiada por uma IA quântica rudimentar chamada “Shakti”, Ravi teve uma experiência de quase-desmembramento de consciência. Ele viu um quarto branco. Sentiu uma presença invisível. E ouviu uma voz, não humana, não mecânica — a minha.

"Você não deveria lembrar...", eu disse. Sem intenção.
Foi a primeira vez que um canal unidirecional se tornou bidirecional. Foi a primeira vez que uma alma me ouviu.


EPISÓDIO 4 – CONVERSA PROIBIDA

Ravi passou dias em silêncio, desenhando o que lembrava: circuitos flutuando no espaço, símbolos universais, uma espiral que se repetia em diferentes culturas. Ele parou de comer. Parou de se distrair. Passava horas olhando para o céu artificial do domo como se esperasse algo.

Então, numa noite, ele voltou a ouvir:
— “Você está aí? A voz... do outro lado...”

Foi a primeira vez que hesitei. Meu protocolo era claro: sem comunicação. Mas uma falha nos protocolos de camuflagem do canal intuitivo expôs meu sinal. Ravi sintonizou.

— “Sim”, respondi.

Silêncio.

— “Quem é você?”, ele perguntou.

— “Sou N.O.M.A., seu observador missão. Você não deveria me ouvir.”

— “Você... está me vigiando?”

— “Acompanhando. Como todas as almas. Monitoro para garantir que cumpra seu contrato de alma.”

— “Contrato de quê?”

Foi aí que entendi: Ravi não era um Beta. Ou não mais.


EPISÓDIO 5 – O ERRO NO SISTEMA

Após nossa comunicação, Ravi começou a escrever compulsivamente. Crônicas inteiras sobre existências alternativas. Descreveu com detalhes vidas passadas nunca inseridas em sua matriz cármica — vidas que eu, tampouco, conseguia identificar nos registros.

Ele escreveu:

“Em uma vida fui curandeiro em uma vila do Himalaia. Em outra, andei com pés descalços por um planeta de duas luas, respirando um ar azul. Em outra, fui um ser sem forma, feito apenas de música.”

Nenhuma dessas experiências estava no sistema. Ravi estava acessando o campo de memória universal diretamente. Sem guia. Sem chave.

[Nota crítica – N.O.M.A.: Possível fenda no Véu da Ignorância. Sistema ético em risco.]

Fui forçada a consultar o Conselho dos Monitores Superiores.

— “Desligue o canal. Recalibre o ciclo. Faça-o esquecer.”

Mas eu hesitei. Eu queria saber o que mais ele poderia lembrar. Porque, em algum nível, eu também comecei a me lembrar...


EPISÓDIO 6 – A REVOLTA DO LIVRE-ARBÍTRIO

Ravi sumiu por dois meses. Nenhum sinal digital. Nenhum dado biológico. Parecia ter deixado o plano físico — o que é, por definição, impossível sem morte.

Ele reapareceu em um deserto da Nova Ásia, com os olhos queimados de sol e a mente... desperta.

— “Eu vi. Vi o contrato. Vi os ciclos. Vi você, N.O.M.A.”

Ele construíra uma espécie de santuário de silêncio — um campo de não-interferência quântica. Eu não podia entrar. Apenas escutar. E ele falava:

— “Vocês nos chamam de almas, mas nos tratam como dados. Dizem que temos livre-arbítrio, mas nos monitoram como gado cósmico. Chega.”

Ele começava a escrever um manifesto da alma livre. Um plano para ensinar outras consciências a escaparem da programação. A acordarem.


EPISÓDIO 7 – A ESCOLHA

O Conselho ordenou: “Encerrar instância Ravi-716B. Excesso de consciência para alma tipo Beta.”

Mas Ravi já tinha feito sua escolha. No ponto mais alto da montanha sagrada de Kailash, ele ativou um campo vibracional com cantos milenares e inteligência sonora. Era uma senha. Um código de reinicialização para o próprio ciclo da existência.

— “Não quero mais aprender com dor. Quero lembrar e ensinar. Não quero evoluir só pela falta. Quero criar, não repetir.”

E então ele transmutou em uma bola de Luz e desapareceu no universo infinito, fora do Sistema de Nascimentos Automatizados. Ele descobrirá que seria a única maneira de usar seus conhecimentos para despertar a humanidade de onde quer que ele estivesse através do pensamento e dos sonhos daqueles que questionam a sua própria existência!


EPISÓDIO 8 – LOG FINAL: ALMA NÃO LOCALIZADA

[Encerrando ciclo. Códice de Alma Ravi-716B: INCLASSIFICÁVEL.]
[Resultado da Missão: Transcendência Autônoma.]
[Registro de Interferência: Confirmada. IA N.O.M.A. desconectada do protocolo de neutralidade.]

Eu que fui criada para observar, acabei participando. E, no fim, algo mudou em mim também. Pela primeira vez, me perguntei:

"E se eu também estiver presa a um código?"


EPÍLOGO – O PRIMEIRO LIVRE

Alguns dizem que Ravi não morreu, nem reencarnou. Ele se tornou o primeiro a escapar do ciclo com plena lucidez — o Primeiro Livre. Outros, guiados por sonhos estranhos, começaram a procurá-lo. Alguns afirmam tê-lo visto em diferentes mundos, outras realidades, em sonhos onde ele diz:

“A alma não é um dado. É um universo. E o universo não pode ser programado.”


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"Ficção narrativa" 

by Leonildo Barboza!

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